Calendário das festas para 2013

As provas de trail running parecem cogumelos. Não há fim de semana em que não haja uma ultra, uma prova de trail running, um free run, um estágio,… Após analisar as datas das provas já calendarizadas optei pelas seguintes:

 

26 JAN             Ultra Trilho dos Abutres                         45K                  Lousã

24 FEV             Ultra Trail de Conímbriga                      43K                  Condeixa

17 MAR            Trilhos Paleozóico                                43K                  Valongo

14 ABR            Ultra Trail Sesimbra                              50K                  Sesimbra

18 MAI             Ultra Trail S. Mamede                           100K                Portalegre

29 JUN             Ultra Trail Serra da Freita                      70K                 Serra da Freita

28 JUL             Ultra Maratona Melides                          43K                  Tróia

03 AGO            Ultra Trail Noturno Óbidos                    50K                 Óbidos

29 SET             Grande Trail Serra d´Arga                   45K                 Serra d´Arga

19 OUT             UTAX                                                   82K                  Lousã

24 NOV            Ultra Trail Amigos da Montanha          60K                  Barcelos

?  DEZ             Fell Race                                             10K                  Serra da Freita

Serra da Freita Fell Race 2012

Céu azul, trilhos marcados, pórtico de meta,…

Nada disto faz parte daquela que considero ser uma das minhas corridas preferidas. Este ano a Fell Race da Freita fez justiça às suas origens celtas e brindou-nos com um ambiente mágico. O nevoeiro e o vento transportavam-nos para as highlands e apenas os espinhos da vegetação rasteira nos faziam recordar a qualidade do silvado nacional. A sensação de isolamento apenas é interrompida pelo avistamento pontual de outros corredores que procuram também encontrar o melhor percurso que os leve ao posto de controlo seguinte.

A prova arranca do marco geodésico de S. Pedro O Velho tendo dois pontos de passagem obrigatória e termina no local de partida. A distância total é de pouco mais de dez quilómetros.

Este ano as condições de visibilidade eram muito reduzidas pelo que a orientação era feita mais a sentimento e da recordação do percurso do ano anterior.

Ainda tentei seguir com o Forerunner o track do percurso da prova de 2011 mas rapidamente me dei conta que de duas uma: ou parava constantemente para fazer zoom e orientar-me com o relógio ou então estava sempre a tropeçar e a cheirar os blocos de granito…

Como a piada da prova está mesmo no jogo da procura do melhor percurso preferi correr a sentimento . No primeiro ponto de controlo cheguei em terceiro com o Fofoni à minha frente. Seguimos juntos em direção ao segundo ponto de controlo. Cheguei a este ponto e estava em segundo lugar da prova já que tinha seguido por um caminho mais favorável que o Fofoni. Agora bastava seguir para o marco geodésico de S. Pedro O Velho para acabar a prova. Este tramo é o mais complicado pois por diversas vezes se perde o contacto visual com aquela elevação e o terreno apresenta uns desníveis consideráveis. Para fugir a estes vales sabia que tinha de seguir um pouco pela direita. No caminho conseguia ver as pegadas das sapatilhas do que pensava ser o líder da corrida. Continuei a correr à espera de ver um corte à esquerda que me permitisse encurtar a distância para a meta. Comecei então a aperceber-me que estou a correr à demasiado tempo… Já devia ter virado…

Olho para o marco geodésico e sigo agora em linha recta. Subo uma elevação para poder ter uma leitura do terreno e quando chego ao cume vejo um grupo de corredores a seguir pelo vale mais abaixo à minha frente. “Já fui comido” pensei eu. Começo a descer para tentar recuperar e é então que mando um tralho com direito a cambalhota. Levanto-me e tento simular uns passos de corrida. Sinto-me como se tivesse sido atropelado. Já não bastava ter as pernas crivadas de espinhos tenho agora também os joelhos desfeitos. Sigo para a meta meio a correr meio a caminhar.

Que bela corrida!

Este slideshow necessita de JavaScript.

Agradeço ao José Moutinho e à Confraria Trotamontes a organização desta corrida. Esta é daquelas provas que não podem falhar no meu calendário.

Fotos: João Lopes Cardoso, José Moutinho

Serra da Freita by night Trail II

Isto de ser pai e ter um horário de trabalho extensível obriga a ter uns horários de treino alternativos.

Se colocasse um post no FB a perguntar se alguém queria vir jogar futebol das 24h00 às 04h00 provalvemente iriam dizer que eu era doido.

Quando coloquei um post a perguntar quem é que queria vir correr para a Freita a meio da noite a resposta foi “eu levo o chá!”

Este slideshow necessita de JavaScript.

05h00. Destino: Torre

05h00. O telemóvel desperta. Visto-me enquanto mastigo uma barra energética fora do prazo de validade que andava perdida lá por casa faz tempo. Olho pela janela e vejo os ramos de uma árvore a esbracejarem para todas as direcções. Tá visto, vou mesmo ter de levar o corta vento vestido. Bebo dois copos de água, despeço-me da Vanessa e olho para cima da mesa a ver se não me esqueço de nada do que havia preparado no dia anterior.

O programa das festas é simples. Subir desde a Varanda dos Carqueijais até à Torre por estrada. Se der, avançarei um pouco pelo Vale de Loriga. A partir daí controlar o tempo para estar novamente no hotel o mais tardar às 10h00 para chegar a tempo de tomar o pequeno almoço.

Mal ponho os pés cá fora começo a correr. Tenho 1000 metros de desnível para aquecimento. Passo as Penhas da Saúde e um pouco mais à frente o centro de limpeza de neve. A luz do frontal começa a esvanecer-se. Depois do treino da última quinta-feira devia ter-me lembrado de substituir as pilhas. Olho para trás e começo a ver alguma claridade no horizonte. No problem. Daqui a um horita o sol já deve aparecer e o frontal deixa de ser uma preocupação.

Sinto-me um ciclista a fazer a etapa do ataque à Torre. Só que não tenho nem bicicleta nem assistência… O vento empurra-me contra o talude e começo a perder visibilidade. Lá se vai o nascer do sol romântico…

Olho à minha volta e cada um daqueles corredores traz-me recordações invernais. Tenho saudades do Inverno.

Um pouco antes da curva do Cântaro Magro vejo uma placa de um PR com a indicação Torre 1Km. Siga! Já chega de alcatrão. Corro no meio do nevoeiro seguindo as mariolas. Quando não as vejo sigo na direcção do ponto mais elevado na certeza que, mais cedo ou mais tarde, terei de esbarrar na Torre.

Começo a ver as vedações do parque de ski. Parece-me um cenário de um gulag… Eis que começo a vislumbrar o marco geodésico e a Torre. Olho para o relógio. Estou com 15 km e folgado de tempo. Olho na direcção do Vale de Loriga e só vejo branco.Nãããã… Decido então baixar seguindo agora por trilhos em vez da estrada. Já estou a imaginar o sumo de laranja do pequeno almoço…

O primeiro trilho que escolho deixa de existir ao fim de uns 300 metros. Dou por mim no meio da carqueja, empoleirado em cima de um bloco de granito, a rever um filme já visto inúmeras vezes. OK, desisto. Volto para trás para seguir um novo trilho que me levará até à Nave de Santo António.

Sinto o calor dos primeiros raios de sol aquecerem-me a cara. O silêncio é de ouro. São estas as sensações que me fazem sair da cama…

A partir do centro de limpeza de neve foi sempre a dar-lhe. Dou por mim a pensar que deveria ter feito a Meia Maratona da semana passada a este ritmo : )

Eram 09h00 quando aterrei novamente no local de partida.

Next stop: Serra d´Arga

Este slideshow necessita de JavaScript.